segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Redes, gestão, bits e sustentabilidade

Eu gostei muito do artigo que postei abaixo na íntegra, do Steve Johnson. Segundo ele, "o que importa é como extrair o máximo da inteligência coletiva existente na instituição. Johnson falou sobre como as experiências de emergência – tanto nos sistemas naturais, quanto nas redes sociais na internet – podem auxiliar a criar novos modelos de gestão. Devemos pensar em como oferecer a informação de uma forma que faça as pessoas mudarem seu estilo de vida."

Eu procuro atuar nessa linha (ou rede) de raciocínio. Atualmente ando exatamente por esses caminhos, unindo redes, gestão de projetos, educação e permacultura. E apaixonada por esse tema e pela possibilidade de vivenciar isso tudo na prática.
O artigo:

Réplicas – Formigas, bits e sustentabilidade

Por Redação Ideia Socioambiental

Steve Johnson, um dos maiores pensadores do ciberespaço, fala sobre como as novas ferramentas de comunicação digital influenciarão os modelos de gestão.

Consultoria

Uma mistura de “ordem e anarquia”, assim Steven Johnson define o comportamento emergente ou bottom-up (de baixo para cima). Formado em semiótica e literatura inglesa, esse jovem autor norte-americano é considerado um dos maiores pensadores do ciberespaço da atualidade.

Em Emergência – a vida integrada de formigas, cérebros, cidades e softwares, publicado no Brasil pela Editora Zahar, Johnson analisa sistemas complexos que, em comum, possuem a capacidade de se auto-organizar, dispensando a presença de um controle centralizado.

Johnson observa que as interações nessas comunidades são colaterais, de modo que os indivíduos prestam atenção nos “seus vizinhos mais próximos” em vez de ficar “esperando por ordens superiores”. As formigas, por exemplo, agem localmente, mas a “ação coletiva produz comportamento global”, nas palavras do pesquisador.

É nesse ponto que seus estudos convergem com a discussão do desenvolvimento sustentável, cujo principal norteador é justamente a ideia de que o todo pode ser maior do que a soma das partes. Apesar de bastante discutida, e cada vez mais aceita, essa linha de pensamento sistêmico ainda encontra barreiras no que diz respeito a sua aplicação prática nas organizações. A dificuldade se deve à predominância do modelo mental tipo top-down, de cima para baixo, em que todos obedecem a hierarquias.

Segundo Johnson, o contraponto a esse sistema estaria na natureza, que não trabalha com líderes, mas sim com modelos bottom-up. O pesquisador chama atenção para o fato de que a ciência, até então focada na compreensão do mundo da emergência, já começa a modificá-lo, e cita interessantes experiências como jogos de computador que simulam ecologias vivas ou softwares que nos permitem ver os padrões do nosso próprio cérebro.
Em seu livro, lançado em 2001, Johnson indicava que a grande mudança ainda estava por vir, à medida que meios de comunicação e movimentos políticos começassem a ser delineados por forças bottom-up.

Nove anos mais tarde, já há exemplos nesse sentido, sobretudo com a popularização de redes sociais na internet. Sobre esse fenômeno, Johnson adverte que é preciso levar as experiências do mundo virtual para o real e vice-versa.

Em palestra na Conferência Internacional de Cidades Inovadoras, realizada em março, na cidade de Curitiba, o pesquisador enfatizou que as redes sociais existem desde muito antes do advento da comunicação digital. Lembrou ainda que grandes ideias surgiram de conversas informais em cafés, que nada mais eram do que redes sociais. Johnson as define como o espaço limítrofe entre o ambiente público e privado, onde é possível se conectar ao mundo físico por afinidades e compartilhar ideias.

Segundo ele, o sucesso de ferramentas como o Twitter e Facebook se justifica por terem trazido esse tipo de experiência para o mundo virtual, ampliando infinitamente a possibilidade de contatos e ideias. Além disso, destacam-se pelo fato de terem sido concebidas como plataformas abertas, fazendo com que ganhassem usos não previstos pelos programadores, criados por pessoas comuns, o que Johnson chama de “inovação pelo usuário final”.

“Em uma organização, com ou sem fins lucrativos, quando se tem uma propriedade intelectual, há sempre duas alternativas: protegê-la até que a solução seja aprimorada internamente ou lançá-la, comunicando que a ideia precisa de melhorias, pode receber complementos ou ainda novos usos. A abertura desse último modelo favorece a inovação porque as ideias não se fecham, uma vez que os usuários continuam aprimorando-as”, afirma.

O pesquisador destaca que essas experiências colaborativas já começam a influenciar a gestão nas cidades e organizações, tendência que se intensificará ainda mais a partir da inclusão de dados georreferenciais às informações compartilhadas. Assim, essas redes sociais transformam-se em instrumentos para aproximar e engajar pessoas em busca de soluções para os problemas do seu bairro, município, estado ou país. É o que já acontece, por exemplo, com o SeeClickFix.

Essas redes também irão influenciar o comportamento dos indivíduos, levando-os a fazer escolhas mais conscientes. O Foursquare é um exemplo nesse sentido, pois permite que internautas compartilhem informações sobre estabelecimentos em tempo real. Além do serviço prestado, essa plataforma, estruturada como se fosse um jogo, é também uma opção de entretenimento, fator determinante para adesão dos usuários.

À medida que qualquer pessoa com acesso à internet pode disseminar seu conteúdo na rede ou se tornar um crítico, as estruturas organizacionais e políticas também se alteram de forma significativa. O poder passa a depender da capacidade de criar conhecimento juntos e também aplicá-los de forma coletiva. Nesse cenário, o conceito que temos de liderança dever ser revisto.

Segundo Johnson, os administradores de alta escala terão evidentemente seu lugar, mesmo nas organizações de poder mais distribuído, mas não terão mais o papel de líderes. O que importa é como extrair o máximo da inteligência coletiva existente na instituição.
Em entrevista à editora Juliana Lopes, Johnson falou sobre como as experiências de emergência – tanto nos sistemas naturais, quanto nas redes sociais na internet – podem auxiliar a criar novos modelos de gestão.

Informação que faz diferença

Devemos pensar em como oferecer a informação de uma forma que faça as pessoas mudarem seu estilo de vida. O Prius (veículo da Toyoya), por exemplo, mostra em tempo real ao motorista o consumo de combustível por quilômetro rodado. Isso faz com que ele perceba como a eficiência de combustível está relacionada à forma como dirige.

A eficiência do consumo de combustível aumenta porque as pessoas estão tendo acesso a essas informações. Mais cedo ou mais tarde, as empresas terão de disponibilizar informações referentes ao seu negócio na internet, a partir de ferramentas que proporcionem a interação com seus públicos. E há algo que precisa ser aprendido do mundo dos jogos. A Microsoft desenvolveu um aplicativo chamado Foursquare, sistema por meio do qual as pessoas indicam quantas vezes foram a diferentes lugares como shoppings, restaurantes, entre outros. Ele funciona como um jogo no qual há uma contagem quando alguém está ganhando.

As pessoas simplesmente adoram isso e se divertem. Mesmo sabendo que não há dinheiro envolvido, querem ganhar. E se faz isso de forma divertida. Se a contagem de pontos puder medir de alguma forma a sustentabilidade, considerando, por exemplo, emissões de carbono ou qualquer outro tipo de ativo que desejar, e isso for público, então teremos uma competição de quem pode conseguir influência a partir de seu comportamento.

Isso já está acontecendo em pequenas comunidades. E ganhar uma competição dessas significa que você está fazendo um trabalho melhor para criar um planeta mais sustentável. Enquanto que ganhar no Foursquare significa apenas que você tomou mais café do que qualquer outra pessoa (risos).

Quando penso no futuro dos relatórios de sustentabilidade, imagino um sistema como esse, envolvendo uma rede social em um tipo de jogo capaz de estimular muito mais relatos sobre como as pessoas estão agindo ou como as organizações pensam, criando documentos mais divertidos, muito diferente dos formatos atuais em PDF.

Lições da natureza

Certamente aprendemos com os sistemas naturais. A diversidade biológica pode orientar o desenvolvimento de produtos. Tomemos como exemplo algumas relações simbióticas que acontecem entre organismos, como entre algas e corais. O lixo de um se torna material para construção do outro, e o lixo do outro ajuda no crescimento do primeiro. Isso cria um feedback positivo.

Essa certamente é uma lição para nós. A forma como os ecossistemas naturais estabelecem relações sustentáveis, reciclam energia e nutrientes pode servir de base para inovações. Não se trata apenas de uma questão de ser responsável. Na verdade, esses sistemas podem ser uma resposta para o crescimento. Essa é uma mensagem importante neste momento.

Open innovation 2.0

Em uma organização, com ou sem fins lucrativos, quando se tem uma propriedade intelectual, há sempre duas alternativas: protegê-la até que a solução seja aprimorada internamente ou lançá-la, comunicando que a ideia precisa de melhorias, pode receber complementos ou ainda novos usos, obtendo, assim, informações referentes a eventuais gaps.

Subestimamos a força desse modelo open source, que favorece a inovação porque as pessoas sentem que podem inovar também. Além disso, essas ideias não se fecham, pois as pessoas continuam aprimorando-as. Temos visto exemplos nessa linha em termos de governos que abriram seus dados, de redes sociais abrindo suas plataformas, o que tem feito muita diferença. Acho que podemos apontar para isso e dizer “vejam, isso realmente funciona”. Não é uma teoria hippie, é um negócio real.

Consumo conscinete

Muito do que consumimos – não importa se o carro que compramos, os programas de televisão que assistimos ou os jornais que lemos – será filtrado por essas redes sociais. Sempre trocamos informações com amigos sobre roupas, CDs, mas agora, com a construção dessas redes, essas recomendações virão via software. Isso pode ajudar as pessoas a tomar melhores decisões.

Simplesmente não temos tempo para pesquisar sobre tudo o que queremos comprar, como a máquina de lavar louça mais sustentável. Mas se você tem uma rede de pessoas que compartilham os mesmos valores que você, pode falar: “Ei, network, estou em uma loja, diga o que é melhor comprar”. Isso é fantástico! Acho que esse tipo de processo de tomada de decisão se dará cada vez mais por meio de redes sociais, e todas as decisões das pessoas serão afetadas por elas.

Eestruturas sem centro

Não há dúvidas de que os sistemas emergentes podem ser extremamente inovadores e criativos e têm, naturalmente, mais capacidade para se adaptar às novas situações do que os padrões de organização mais rigidamente hierárquicos. O novo papel da alta administração seria precisamente o de motivar os grupos e os indivíduos na organização para a geração das idéias.

Os processos, a evolução e visão do futuro devem emergir de múltiplas correlações bottom-up. Os administradores de alta escala terão evidentemente seu lugar, mesmo nas organizações de poder mais distribuído, mas não terão mais o papel de líderes. O que importa é como extrair o máximo da inteligência coletiva existente na instituição.

As redes sociais como ferramentas de mobilização:

SeeClickFix
Com essa plataforma é possível identificar os problemas nas regiões de interesse e torná-los públicos por meio de relatórios inseridos pela própria ferramenta do site ou pelo celular. O objetivo do portal é chamar a atenção para os problemas locais e cobrar uma atuação mais eficiente das autoridades.

Foursquare
Em formato de jogo, este site estimula as pessoas a trocar informações sobre formas interessantes de explorar suas cidades. Os usuários que descobrem novos lugares acumulam pontos, podendo vir a receber “medalhas” ou até mesmo se tornar “prefeitos” de determinado lugar.

Kickstarter
É uma plataforma em que artistas, designers e empreendedores podem solicitar financiamento aos seus projetos. As transações são feitas por cartão de crédito e podem variar de U$S 1 a U$S 10 mil.

Facebook Causes
Essa ferramenta oferece a oportunidade de angariar fundos para projetos e ações sociais, mobilizando pessoas na rede de relacionamentos do Facebook.

Twitter
O terromoto no Haiti inaugurou um novo uso do twitter. Além de ser a primeira a disseminar informações sobre o desastre, a rede social funcionou como um importante canal para organizar os esforços de socorro e atendimento às vítimas.

(Envolverde/Idéia Socioambiental)
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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tainá-kan

Há anos assisti esse vídeo na tv e somente agora reencontrei via web. Alias, via Alice, a amiga indiazinha.

Tainá- Kan - A Grande estrela from Missawa on Vimeo.

domingo, 20 de junho de 2010

Thini-á, da tribo Fulniô

Há uns anos atrás conheci Thini-á. Vi uma apreentação dele, depois conversamos a respeito dos costumes da tribo, como é a educação das crianças, o respeito com os adultos e anciões. Ele é uma pessoa que todo mundo deveria conhecer e conversar pelo menos uma vez na vida, para saber um pouco mais sobre a cultura indígena. Ele costuma se apresentar em escolas, centros culturais e comunidades em geral. Fica a dica e o contato: http://thiniafulnio.com.br/1/index.php

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tecnologia da sucata

Sucatas tecnológicas. Esse é nome carinhoso dado à matéria prima eletrônica (que alguem achou que era lixo). Nas mãos do pessoal do MetaProjeto e MetaReciclagem vira arte, ofício, apropriação tecnológica, reciclagem, reúso, transformação social. Boas ideias, compartilhamento. Tudo isso fa parte do vocabulário e da prática desse pessoal sintonizado na web e nos espólios da tecnologia, sem perder a graça.
Abaixo, um vídeo feito com o lixo eletrônico do Parque da Juventude (SP).

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Seis maneiras como os fungos podem salvar o mundo

Adoro. Amo. Simplesmente amo os fungos e esse cara que fala deles com tanta paixão quanto eu. Rever essa palestra sempre mexe comigo, me lembra do que eu gosto e acredito. Eu vi essa palestra ai vivo com o Paul Stamets no IPC8, conferência de permacultura de 2008 e foi excelente. É baseada no livro Micelium Running.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

arte zen

A flauta silenciosa, filme em gravação antiga, com história sempre atual na busca do ser humano:

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

pensando colaboração

Matutando sobre colaboração e suas aplicações em projetos de permacultura e de produção de cultivo de cogumelos, para testar a ideia colocada no livro Mutirão da Gambiarra de que o movimento colaborativo iniciado pelos programadores pode ser replicado em outras áreas do conhecimento.

Nesse mesmo livro, no capítulo Uma experiência open souce: "utilizando conceitos de colaboração para desenvolver uma infra-estrutura ou incubadora de projetos colaborativos, ou, mais especificamente, uma chocadeira “open source”. Ou de códigos abertos. Conceitualmente está baseado no conhecimento livre, que significa liberdade para modificar, editar, adicionar ou subtrair, visando sempre aprimorar o conteúdo final. As conversações propiciadas pelas listas de debates, fóruns e e-mails promovem a cultura do compartilhamento e beneficia a mentalidade do conhecimento aberto e livre."

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

prática da liberdade

"Educar é educar-se na prática da liberdade, é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem - por isso sabem algo e podem assim chegar a saber mais - em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais."
Paulo Freire

domingo, 8 de novembro de 2009

Tomada de decisão por consenso

Transcrevo aqui as anotações que fiz durante o curso de tomada de decisão por consenso, realizado por Orlando Balbás na Morada da Floresta, em junho/2007 e inclui anotações feitas durante o curso Educação Gaia.

Iniciamos com a apresentação do grupo: nome e o que comeu no café da manhã (todos tem algo a falar e é algo que não representa a pessoa em todos os momentos – é o hoje, assim como qualquer coisa).

- a decisão por consenso recebe críticas de que não serve para decisões rápidas - e é verdade. O consenso depende do exercício de todos, é para refletir e isso pode levar tempo, as vezes 3 ou 4 reuniões.

- ninguém está errado

- consenso é algo que vai além da mente, da lógica; é preciso sentir.

- o consenso está a serviço do grupo, e não ao contrário

Tipos de tomada de decisão que existem no planeta:

- autocrático (uma pessoa decide sobre os outros, sem consultar. Pode ser útil em emergências, quando não há tempo, em crise)
- autocrático da maioria
- consultivo ( busca informações com outras pessoas, pode ser empoderador ou não; pode ser um processo do autocrático para o democrático)
- oligarquia
- minoria (grupo menor decide pelos demais. Funciona em questões técnicas, com experts; ou, por exemplos, em trilhas que o mais lento coloca o ritmo do grupo)
- maioria/democracia simples (decisão através do maior número de pessoas que votam a favor, porém, permanece grande número de pessoas contra).
- democracia profunda (70% no mínimo de votos a favor). É o tipo escolhido em Findhorn – atualmente com 1200 moradores – onde 70% aprovam por consenso
e os 30% restantes tem acordo de minoria leal, não vão prejudicar a decisão. O consenso também pode ser chamado de democracia profunda.
- consenso – todas as pessoas do grupo são ouvidas. Consentir é permitir que a proposta seja desdobrada no mundo. Inclui distribuição de poder. Processo demorado, mas execução rápida.

Valores que embasam a decisão por consenso: respeito, cooperação, criatividade, honestidade, poder e responsabilidade compartilhados. Grande senso de compromisso.

Consenso não significa unanimidade (onde há diversidade não há unanimidade) e nem que todos concordam.

Grupos que praticam o consenso:
Tribos indígenas - vêem o círculo e a escuta como manifestações de respeito pela palavra de todos.

Quakers – integrantes do grupo Sociedade Religiosa dos Amigos fugiram da Inglaterra no século XVII para os EUA para terem sua religião. Eles acreditam que Deus mora em cada um e, por isso, a verdade mora em cada um de nós. Esse grupo tem história de mais de 300 anos de consenso.

Na década de 70/80 comunidades formadas no mundo que procuravam formas de decisões diferentes, juntaram os Quakers e as tribos indígenas e fizeram o Consenso.

Seis elementos básicos do Consenso
1) disposição de dividir o poder
2) objetivo em comum: todos precisam estar olhando para o mesmo lugar. A diversidade pode ajudar ou atrapalhar (exemplo das plantas – algumas ficam bem juntas, outras se atrapalham e outras tanto faz). Nesse caso, a diversidade existe, mas todos olham para a mesma intenção (visão do grupo)
3) conhecer o consenso e confiar nesse processo – compromisso claro com o processo de consenso - todas as pessoas do grupo precisam conhecer o que é e como ocorre o processo de consenso para saber de seu poder (pois o consenso dá poder para as pessoas). Se o grupo coloca mais importância nos resultados do que no processo, não use o consenso.
4) Pauta sólida – clara e concreta
5) Facilitação eficiente
6) A necessidade de tomar decisões – se não for decidir algo, não use consenso. Decisões – determinar ações.

Outros elementos importantes:

-participação física – relacionamentos humanos são feitos de presenças, energias que fazem a diferença
- tempo suficiente – senão pode esquecer o processo e ficar no resultado
- disposição de abandonar posições pessoais – pode causar sofrimentos. Paradoxo pessoal/coletivo
- confiança – o consenso é uma prática que pode gerar confiança. O grupo pode vivenciar um processo baseado na confiança.
- socializar pensamentos, compartilhar
- feedback – possibilidade de praticar o feedback com as pessoas do grupo, contar o que admira na pessoa e qual o desafio.

(após o intervalo, Orlando fez a pergunta: “o que é aquilo que sabem com total certeza?” – e assim, após um silêncio, algumas respostas: sei o meu tipo sanguíneo!
Agora que já sabemos o que sabemos com certeza, vamos continuar).

PROCEDIMENTO

- nunca se vota em consenso, por exemplo, “levantem a mão quem concorda”. As propostas são levadas ao grupo por uma pauta, as pessoas trocam informações.

- a proposta entra no grupo e começa a discutir-se/ troca de idéias, que pode durar um minuto, 2 horas ou vários dias. Chega um ponto em que o grupo está pronto para tomar a decisão - o facilitador pode notar as pessoas começarem a falar a mesma coisa e repetir com outras palavras. O facilitador fala a proposta do grupo usando suas palavras e o grupo fala se está pronto para a decisão.

- o facilitador pergunta “estamos prontos para decidir?” e fica atento a linguagem corporal das pessoas do grupo. Pode medir a temperatura do grupo, as pessoas sinalizam com o polegar para cima (sim), para baixo (não) ou para o lado (mais ou menos). Atenção, essa etapa não é votação, apenas se verifica se o grupo está se decidindo para uma opção em comum. Se sim, ele pode perguntar “alguém vai ficar chateado se essa decisão for tomada?” ou “alguém vai ficar bravo ou chateado se for decidido isso?” ou “alguém não vai conseguir viver com essa decisão?”.

Opções:
- afastar-se: estar a parte. A pessoa pode afastar-se da decisão por motivos pessoais, mas deixa o grupo a vontade para tomar suas decisões. Dependendo do número de integrantes do grupo, se 2 pessoas se afastam, é bom pensar se vale a pena decidir nesse momento. A proposta pode precisar de mais discussão. O nome da pessoa que se afasta é anotado nas memórias; quem se afasta não se responsabiliza pela implementação da proposta, mas não a prejudica.

- bloquear: se ninguém se afasta, o facilitador pergunta: “Alguém bloqueia essa decisão?”. Se alguém bloquear, o processo pára, a decisão é barrada. A proposta deve ser modificada e discutida novamente. Nesse caso, é interessante adiar o momento da decisão e deixar para outra reunião. O bloqueio ocorre quando a decisão vai interferir na integridade do grupo. Não pode ser por motivos pessoais. Bloqueia-se por princípios explicitamente compartilhados pelo grupo. É quando fere os princípios do grupo. O bloqueio é o extremo. Acontece uma ou duas vezes na vida da comunidade. Bloquear é intuição da alma. Quem bloqueia precisa explicar; quem se afasta, não. Durante a discussão da proposta a pessoa já tem que explicitar seus motivos contra e não só na hora do bloqueio. Por isso as perguntas acima ajudam para medir a temperatura do grupo.

- dar consentimento: após a pergunta do facilitador “alguém não vai conseguir viver com essa decisão?”, o silêncio significa consentir/dar consentimento.

A missão e a visão do grupo devem sempre refletir o grupo. O grupo deve ter maturidade para enxergar que mudou e rever a sua missão e visão.

O facilitador é o guardião do processo, não do conteúdo, ele não está interessado em determinado resultado; deve ser imparcial.

Consenso puro: é quando se dá o poder para cada membro do grupo bloquear, indistintamente.
Consenso menos um: se uma pessoa bloquear, a decisão passa. Precisa refletir se é sempre a mesma pessoa que bloqueia (rever objetivos em comum).
Consenso com respaldo: se procura utilizar uma maioria (90 ou 95%) para se respaldar.

O consenso é um processo educativo. No consenso, o guardião das memórias escreve com as mesmas palavras o que foi decidido.

Acordos básicos:
- regras de comportamento/conduta durante as reuniões: dependem da cultura do grupo. Exemplos: não se fala em nome de outra pessoa; não se fala de quem não está presente; desligar celulares; pontualidade.
No início de cada reunião o facilitador apresenta os acordos básicos feitos pelo grupo e pergunta se há algum acréscimo, substituição ou retirada de algum dos acordos.

O(A) FACILITADOR(A)
- facilitador é o guardião do processo; é catalisador
- facilitador (a): é totalmente imparcial. Não pode dar opinião sobre nenhum ponto da pauta; cuidar inclusive da postura corporal, olhares e outros que poderiam expressar alguma opinião; não dar as costas para alguém do grupo. Para aceitar facilitar um grupo, é preciso sentir carinho pelo grupo. O facilitador reflete sobre as necessidades do grupo; se pergunta o que ele pode fazer para ajudar o grupo.
O facilitador participa da elaboração da pauta. A capacidade de resumir faz parte das qualidades do facilitador. Se dirige ao grupo: “é isto?” para não impor; ele pergunta sempre e raramente afirma. “Há algo novo?”, “estamos prontos para continuar? Todos estão sendo ouvidos? Todos entenderam o que ele falou? Tem alguém que quer dizer algo que não foi dito?”.
O facilitador deve insistir na clareza do que está falando. “Eu entendi tal coisa, foi isso que você falou? Não? Então, por favor, repita, explique de novo”.
Geralmente o facilitador limita o número de intervenções de cada um (pode ser dado determinado número de feijões para cada um – cada vez que a pessoa fala, coloca um de seus grãos na mesa). Um limite de vezes para cada pessoa se manifestar durante a reunião pode ser útil ou não. Verifica se está havendo repetições. Raramente limita o tempo. Retoma a palavra quando a pessoa começa a repetir.
O facilitador deve observar quais pessoas querem falar. É importante estar centrado, ter alguma prática que ajude nisso (arte marcial, espiritualidade, meditação etc).

É possível se facilitador e participar da reunião? É possível e impossível. Como tem que ser imparcial, não pode dar opinião pessoal. Ás vezes precisa dar opinião porque faz parte do grupo. Nesses casos, o facilitador fala “nesse ponto, eu quero opinar” e outro do grupo pega a função de facilitador. Quando esse ponto acabar, o facilitador volta na função. É muito importante, enquanto facilitador, não dar opinião. Um dos motivos é que o ranking do facilitador é alto dentro do grupo e poderia manipular, mesmo inconscientemente, a opinião do grupo.

FUNÇÕES DO FACILITADOR:

- prepara o lugar da reunião, traz todo material necessário, verifica se algum ponto precisa de equipamento especial, se está disponível o equipamento. Ele pode mudar o local da reunião, por exemplo, se o local não está confortável, tem ruído, sem boas cadeiras as pessoas podem ficar cansadas mais cedo; pensa no bem estar.

- cria ambiente de segurança e confiança na reunião do grupo. Pode ter pessoas tímidas ou que tem receio de falar, por ter outras pessoas que falam mais ou porque tem brigas etc. O facilitador vai criar ambiente para essas pessoas falarem. Ás vezes tem que agir de modo firme. Exemplo: em determinada reunião, uma pessoa começou acusar a outra e gritar; o outro encolheu e este, cresceu. O facilitador não fez nada e a reunião teve que acabar. A opção seria caminhar em direção a pessoa que gritava; se necessário, pode dar um “hey” (falar alto) para despertar a pessoa. Geralmente o facilitador fica ao redor do círculo, para ver a todos. Só vai para o centro nesses casos. Em caso de conflito, o facilitador expõe o conflito e pode sugerir: “a gente quer tratar esse conflito agora, ou podemos continuar?” – o facilitador deve contar ao grupo o que está acontecendo. Pode sugerir, nunca se impor. Se o facilitador não souber resolver o conflito, deve falar que não sabe o que fazer. Se metade do grupo quer continuar a discussão e a outra metade não, o facilitador deve ser mais firme, tomar o poder/função que o grupo lhe deu. Pode falar “levantem-se todo mundo, de pé, vamos fazer um minuto de silêncio”. E então volta a questão: “o que vamos fazer? O que está acontecendo?”

- participação eqüitativa – faz com que todos participem. Dar a voz a alguém que não falou ainda, mesmo que seja a vez de alguém que já falou. Eqüitativa não é igual a igualdade, pois é natural que uns falem mais que outros, porque sabem mais a respeito e precisam informar o grupo ou algo que afeta mais uns do que outros.

- manter o foco no assunto (tema da proposta): o facilitador ajuda nesse processo continuamente fazendo perguntas.

- resume idéias faladas e verifica se há acordo. Depois que se discute, resume a proposta e pergunta se há acordo/consenso. Se o facilitador perder o foco/concentração precisa ser honesto para perguntar ao grupo “pessoal, em que ponto estamos?”. Pode também, em raras vezes, perguntar “quem concorda com essa idéia, levanta a mão e quem concorda com essa outra idéia, levanta a mão” para sentir a tendência do grupo (não é votação, pois não decide, apenas demonstra tendência).
- se um ponto suscita muitas idéias, pode-se usar a “chuva de idéias” (brainstorm) e alguém que escreve rápido anota essas idéias, o facilitador pode auxiliar. Se muitas pessoas começam a falar, melhor não diminuir o ritmo, porque as pessoas podem perder as idéias se não falarem na hora. Anotar e depois categorizar em grupos semelhantes até chegar a 3 ou 4 ideias e o grupo decide entre essas. Usa-se essa estratégia quando o grupo não sabe a resposta ao ponto e podem ter muitas respostas. Não é bom usar quando tem pessoas tímidas, que falam pouco ou quando tem pessoas que falam muito mais que outros; então pode-se dividir em vários grupos menores e depois reagrupar as idéias.

- o facilitador abre e fecha a reunião – são pontos importantes, rituais. Ajuda as pessoas na abertura (deixar o mundo lá fora para entram em outro ambiente, o da reunião). Cada grupo faz isso de maneira diferentes, cantam, dançam, oram, etc. E fecha para liberar para o mundo de fora.

- verifica as atividades de seguimento das atividades. Depois que uma decisão é tomada, encaminha para quem, quando e como executar, se pessoas ou grupos de trabalho.

CARACTERÍSTICAS DE UM BOM FACILITADOR:

- não pode se facilitador pessoas com poder no grupo (chefes, líderes, etc)
- o grupo escolhe o facilitador e pode afasta-lo se notar que ele está atrapalhando.
- boa memória
- lógica – identifica as partes de um todo
- intuição – faz conexões que não são lógicas
- equilíbrio emocional – não trazer mais emoções ao grupo. Muitos conflitos podem surgir e é necessário manter equilíbrio
- energia física
- bom humor – o sorriso do facilitador, positividade
- paciência e flexibilidade – a reunião pode durar horas ou dias
- o facilitador tem que se sentir confortável dentro do grupo (está ligado ao equilíbrio emocional)
- o facilitador não pode insistir para que o grupo tome um caminho determinado, apenas sugere.
- não pode confessar que o grupo é difícil de facilitar, pois isso pode piorar a situação
Dicas: nunca apontar as pessoas com os dedos das mãos – faça o gesto com a mão (palma virada para cima).

PAUTA:
Uma boa pauta segue um fluxo de onda em que:
- o 1° ponto/item é curto e leve;
- o 2° ponto é médio (não gera muita discussão, emocionalidade);
- o 3° ponto é o mais forte, vai gerar muita discussão, emocionalidade;
- 4° ponto – tempo para descanso/intervalo;
- 5° ponto – são anúncios (ajuda a relaxar);
- 6° ponto - assunto de médio impacto no grupo;
- 7° ponto – assunto leve.
Se tiverem mais pontos a serem tratados, segue na mesma ordem.

Anúncios: não tem nada a ver com a pauta. É como uma propaganda de 30”. Exemplo: festa em casa ás 20h; curso de Águas de terça a sexta-feira, das 8h as 12h.
Podem ter vários momentos para anúncios. São coringas colocados em pontos estratégicos para relaxar.

Informes: tem a ver com a pauta. Relatório de algum Grupo de Trabalho para informar o grupo sobre algo que está acontecendo (Os grupos mais eficientes delegam decisões em grupos de trabalho).


TIPOS DE PROPOSTAS PARA A PAUTA:
Os assuntos trazidos para pauta podem ser:

- introdutórios – o assunto vai ser colocado, mas não vai chegar a decisão nesse momento por ser um assunto que precisa ser estudado, pensado, discutido mais vezes. Se no meio do ponto introdutório as pessoas querem discutir o assunto, o facilitador deve perguntar e auxiliar o grupo “queremos discutir isso agora? A pauta era de 2h e talvez passe para 2h30 ou outros assuntos devem ter o tempo diminuído”

- discussão – é um ponto que precisa ser discutido, mas não precisa ser decidido nessa reunião. Pode ter sido um assunto introduzido em outra reunião ou não.

- decisão – o grupo precisa decidir isso hoje.

Uma proposta é aquilo (idéia) que inicia o processo de consenso, algo que o grupo precisa saber/decidir para melhorar o grupo, a vida do grupo. Uma boa proposta se parece com um projeto. A pessoa que traz a proposta, tras todas as informações que o grupo precisa saber para decidir. As propostas introdutórias podem ser mais simples, para as pessoas poderem pensar e trazerem mais idéias. As propostas têm que fazer as pessoas se apaixonarem pelo assunto.
Importante: a pessoa que coloca a proposta é responsável por ela (patrocinador da proposta)

Fichas (cartões de papel para anotações):
São úteis na vida do facilitador. Ao invés de numerar a pauta, faz fichas. Anota idéias, próximas reuniões. Pode usar recurso multimídia.

Check-in
Pode ser utilizado para as pessoas se conhecerem, se espelharem. Proporciona empoderamento com a fala, compartilhamento, confiança e alguma intimidade. Auxilia para a reunião fluir melhor e para todos poderem se expressar. Pode ser utilizada Investigação Apreciativa.

GUARDIÃO DAS MEMÓRIAS
É a pessoa que anota as decisões com as mesmas palavras que foram ditas. Anota os eventos mais importantes. Se alguém se afasta ou bloqueia, anotar o porquê e o nome da pessoa. As memórias devem ficar acessíveis à todos os participantes do grupo, pois as pessoas esquecem, então servem para lembrar o que foi decidido. É o mesmo que Ata.
Alguns grupos fazem todos ler o que foi escrito e assinar em baixo.
Importante: tem que anotar as decisões do jeito exato que foram faladas. O resto pode ser resumido.
As memórias estão também relacionadas com a parte legal das instituições.
Atenção: o guardião das memórias geralmente faz parte do grupo, então ás vezes presta atenção na discussão e se esquece de escrever. O facilitador deve auxiliar, perguntando: “você escreveu isso?”.

GUARDIÃO DO TEMPO
É a pessoa que está com o relógio e fica atento com os horários da pauta. Tem que ficar conectado com o facilitador. Por exemplo: o facilitador fala “você me avisa5 minutos antes de acabar o tempo deste assunto”. O facilitador se perceber que o grupo vai se estender no tempo, pergunta: “estenderemos o tempo, precisamos de mais tempo para esse assunto? Se sim, de onde vamos tirar esse tempo/ manejar com o horário de outros assuntos?
Nem o guardião do tempo e nem o facilitador tem o direito de falar que o tempo acabou. Sempre o grupo que decide. O facilitador coloca o que está acontecendo e o que poderia acontecer se o tempo se estender, por exemplo, tal pessoa precisa sair ás 14h, etc.

PLANEJADOR DA PAUTA
Uma ou mais pessoas encarregadas de construir a pauta (organizar a ordem dos assuntos – vide item PAUTA - informes etc). Caso precise escolher o conteúdo da pauta, retirar assuntos por falta de tempo, o grupo decide junto. Pode ser o facilitador ou outra pessoa.
O caos ás vezes é decorrente da falta total de planejamento. Atentar entre o importante x urgente. Ás vezes o importante se torna urgente porque se esqueceu de fazer.
Construir a pauta é de grande responsabilidade.

A reunião começa quando não há mais propostas e se inicia a pauta.

A cada 90 minutos, dar descanso. Depende do que está sendo falado, da energia do grupo. Alguns falam que o facilitador não deveria permitir que o grupo continuasse depois de 90 minutos. Isso depende de fatores culturais do grupo.

ESCRIVÃO
É a pessoa que ajuda o facilitador a escrever as idéias importantes que surgem durante a reunião (em lousa, flip chart). O facilitador precisa ficar olhando para o grupo, medindo a temperatura. O escrivão pode participar da reunião. Escreve com as palavras que foram ditas, escreve ideias que surgem.

CONFLITOS
Durante o consenso podem aparecer conflitos e o facilitador deve colocar ao grupo que está acontecendo conflito “e então vamos resolver isso agora?”
Conflito é o encontro das diferenças.

Conflito e níveis de desenvolvimento humano:
1) criança – alguém resolve os conflitos pela pessoa
2) resolução de conflitos – a pessoa TEM que resolver, pois conflito é o caos para a pessoa. A pessoa escolhe resolver ou colocar debaixo do tapete e olhar para outro lado.
3) transformação de conflitos – não precisam ser resolvidos, são aprendizados. São ferramentas de crescimento pessoal e do grupo. O conflito é um amigo que bate à porta e diz que temos algo a ver ou mudar.

Consenso não é uma boa ferramenta para resolver conflitos. A ferramenta para resolver o conflito depende do nível que os grupos estão. Pode ser utilizado o feedback, investigação apreciativa, fórum; são meios de resolver os conflitos.

A paz não é ausência de conflitos e sim a capacidade de lidar com eles em paz. A guerra é lidar com conflitos na violência.

A semente da mudança está no conflito, é o convite para mobilizar/sair da zona de conforto – e gera crescimento.
No design social que se sustenta, não se evita conflito – amplifique, faça ele ficar mais evidente, abra mais, para ter maior porosidade.
Não tentar resolver logo, pois cada um precisa do seu tempo.
Ver no conflito uma oportunidade, não um distúrbio.

Outras referências:
- um post do pessoal da Ecovila Clareando, onde citam Bea Briggs (Introdução ao consenso)
- Comunicação não-violenta

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Compartilhamento, redes sociais e tutoriais

Há uns dias venho buscando tutoriais, passo a passo relacionado a permacultura, bioconstrução e afins. Comentei que ainda não havia encontrado algo assim, como bloguei dias atrás e, pelo que percebo, as pessoas que vendem os cursos não colocam os tutoriais. Seria um receio de perder o produto? Perguntei isso à uma pessoa que estuda redes sociais e compartilhamento na cultura digital/ software livre. A perguta foi bem objetiva: "as pessoas que oferecem cursos como produto podem ficar com receio de postar informações completas, tutoriais e passo-a-passo e, assim, as pessoas não fazerem mais os cursos. Como mudar isso?" e a resposta...

"o modelo do software livre ensina
abre
disponibiliza
que só vão te convidar
para mais serviços.
A maioria das pessoas prefere
um contato do que aprender sozinho"

Estamos falando de realmente mudar a forma como a informação circula. Como a gente se relaciona com aquilo que aprende? Como disponibiliza - de que maneira - aquilo que tem/viu/aprendeu?
Vou continuar na busca e no exercício...

pesquisando e plantando árvores - Eco4planet

O eco4planet é um site que, a cada pesquisa que a pessoa faz, efetua o plantio de árvores de acordo com o número de pesquisas realizadas através dele. Você pode acompanhar o contador de árvores na página principal e nos seguir via Twitter para ficar por dentro das datas e locais de plantio



Coloquei como página inicial e principal de busca, gostando!

ps: recebi essa dica em um email, porém, falava que o site era do Google, o que não é verdade. É um site criado e mantido por outras pessoas, só para constar.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Adobe

Na divertida missão de buscar descrições tipo tutoriais de práticas sustentáveis, agora destaco o adobe. Tem um vídeo bem simples e bacana da Flávia, dizendo proporção da mistura para adobe e como fazer. Confira no vídeo:

Pau-a-pique

Continuando as oficinas no Acucará, estou lendo novamente a respeito de construcões com terra, desta vez destacando pau-a-pique. Buscando mais referências para postar, com materiais que auxiliem quem quiser construir realmente. Existe mesmo uma deficiência de referências que divulgam medidas e receitas que facilitem a vida de quem vai construir e tem receio de que a casa caia - literalmente! Então, estimulada por um amigo que diz que não tem links com medidas, receitas detalhadas e tals, eu fui a busca. Encontrei vários locais descrevendo a técnica de pau-a-pique, só que ainda de maneira rústica, que não encoraja os mais prudente e amigo das planilhas a construir apenas verificando empiricamente a textura de bolotas de barro. Peguei o desafio... tem descrições detalhadas na web de práticas sustentáveis? vou começar procurando pau-a-pique e colocando o que encontrei:

apostila com boas dicas, mas imagens não muito claras, sem medidas. As demais técnicas são ilustradas com fotos legais, mas tb não passam a receita... continuo procurando!

60% da população do planeta vive em casa feita de terra!

Tibá, do famoso Arquiteto Descalço, tem várias fotos, mas sem tutoriais.

pra frente...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Projeto de permacultura no Açucará

Desde junho deste ano venho desenvolvendo uma série de oficinas na comunidade do Açucará, em Osasco. O tema, permacultura e bioconstrução, foi se mesclando com empreendedorismo, design social e amizades.

A comunidade Açucará.


Preparando o encontro




café da manhã






Pintura em tecido











segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Vivenciando diversidade

Estágio do Gaia Education, 29 agosto no sítio Olho d'agua. Dia de sol, céu azul, o que nem sempre é comum onde estamos, na Serra do Mar. Nesse coletivo, alguns refazendo a espiral de ervas, banheiro seco, sistema de tratamento da água cinza da cozinha. Clima descontraído, revendo amigos.

Frutas em cima da mesa, água da fonte, pessoas amassando barro para a taipa da parede do banheiro seco.

Com reúso de materiais, como garrafas, utilizamos recursos que iriam para o lixo. Quanto mais utilizamos algo antes de enviar para o lixo ou mesmo para a reciclagem, melhor, visto que a reciclagem inclui gasto de energia e água. Reúse sempre!


Banho no lago, conversar no sol, com tempo. No viveiro de mudas, cuidamos do plantio de árvores nativas e temperos, fizemos mudas. Praticamos permacultura na vivência social, que é o principal elo para as demais atividades. Ou como diria May East, qual a cola do grupo?
A noite, em círculo, aquecidos depois de um dia de vivência em permacultura e bioconstrução em trabalho cooperativo, nos reunimos no salão da casa verde. Cada um tirou uma carta do tarot zen e, em silencio e sem que os outros vissem, examinamos nossas cartas. Elas foram devolvidas e Léo falou que colocaria uma música para que dançassemos pensando naquela carta. E assim foi, no inicío caminhando lentamente pelo salão, depois acelerando. Ao final da música, foi falado para que, nesta próxima música, a dança fosse feita em duplas, que se encontravam pela afinidade ou similaridade da forma como dançavam. Essa interação poderia ser pelo olhar ou pelo contato físico. As pessoas fluiam pelo salão, encontravam alguem, dançavam e depois continuavam, encontravam outras pessoas e assim continuavam. Na sequencia, outra musica e a brincadeira era encontrar e contactar pessoas que, atraves da dança, eram opostas, contrarias a você, complementares. Mais dança, mais encontros. Outra música, o convite foi para encontrar grupos com pessoas semelhantes na dança. Grupo de uma pessoa é grupo? sim! e o grupo pode mudar? sim, são agrupamentos efêmeros. E a troca de olhares, dança próximo, alguns momentos aqui, ali, diversas pessoas e, de repente, duas pessoas que dançavam como eu. Ajuntei. Mais pessoas chegaram. Dançamos como quem liberta-se e celebra. Mais uma musica, dancem dancem, fluindo... parou! A voz do Léo chamou, a música parou. Vamos formar um círculo, podem se deitar, relaxa. Voltando, quem quiser pode compartilhar sua vivência e contar a carta que tirou. Nos relatos, contamos a carta e alguns momentos, como por exemplo, quem encontramos na dança com alguem semelhante. Teve algo a ver com a carta do outro? E nos diferentes? Experiências... Após várias falas com escuta atenta e quando todos que queriam falar haviam se manifestado, Eymar concluiu dizendo que, naquele ambiente, naquele salão havia ocorrido uma mudança, dentro de cada um algo ocorreu, pelo que cada um havia vivido. Ao sair, era como se passassemos por um portal, levando consigo aquela mudança. Vamos ao bolo com chá e fogueira!

sábado, 5 de setembro de 2009

Princípios de Ecologia

Redes
Todos os membros de uma comunidade ecológica estão
interconectados em uma vasta e complexa rede de relacionamentos, a
teia da vida. Derivam suas propriedades essenciais e, na verdade, sua
própria existência, desses relacionamentos.

Sistemas dentro de Sistemas
Em toda natureza encontramos estruturas multiniveladas de
sistemas dentro de sistemas. Cada um deles forma um todo integrado
dentro de limites, ao mesmo tempo que são parte do todo maior.

Fluxos
Todos os organismos são sistemas abertos, o que significa que
precisam alimentar-se de um fluxo constante de energia e
recursos para permanecerem vivos. O fluxo constante de energia
solar sustenta a vida e orienta todos os ciclos ecológicos.

Desenvolvimento
O desenvolvimento da vida se manifesta como desenvolvimento e
aprendizagem no nível individual e como evolução no nível da espécie.
Envolve o inter-relacionamento da criatividade e adaptação mútua nos
quais os organismos e o ambiente interagem na co-evolução.

Equilíbrio Dinâmico
Todos os ciclos ecológicos agem como loops de feedback, de forma
que a comunidade ecológica regulamenta e se organiza mantendo um
estado de equilíbrio dinâmico caracterizado por flutuações contínuas.

No link tem histórias de aprendizagem por projetos baseados Ecoalfabetização de Fritjof Capra.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

mais da série coisas que fiz e gostei

mais do Boom Festival 2002.
Tipo uma ode das coisas legais que fiz na vida e gostei muuuuuito. E tem coisa hein!
E por um tempo deixei pra lá - responsabilidade minha por isso - e de repente, o resgate. E nesse movimento de recuperar o que já fiz e vivi, percebo como buscamos referências na vida. Ah, sabendo disso, não se idenficando com as referências, permito divertir-me com essas recordações. E provavelmente virão mais nos próximos dias.

eu fui no Boom Festival 2002 em Portugal

e gostei! alias, foi uma viagem ótima, tudo de melhor. Teve inicio na França, no International Congress for Microbiology
Da França fui para Amsterdã, Alemanha, Londres. Concluí esta viagem em Portugal, no festival trance Boom Festival - maravilhoso.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Caminho curumim

Curumim é um pequeno índio que brinca, aprende e ensina através da natureza...
No Caminho curumim trabalhamos com liderança compartilhada e atividades que visam integrar educação, arte e meio ambiente, com dinâmicas e oficinas lúdicas, trazendo a sabedoria da natureza através de ensinamentos indígenas, com crianças com idade entre 3 e 11 anos. Desde 2007 brincamos com os curumins e aprendemos muito, contamos e ouvimos histórias. A seguir, a curumim Beatriz cantando uma das minhas músicas preferidas:

domingo, 5 de julho de 2009

Conexões de aprendizagem

Estes dias tem sido motivadores para reflexões a respeito de processos afetivos, encontros, consciência e educação.

Assistindo uma entrevista com o Dalai Lama, ouvi dele palavras que encontraram um sentido interno, reverberou e, assim, explicitaram o que sinto. Segue abaixo:

"há tanta gente que não tem religião, mas tem compaixão, afetividade, consciência dos direitos dos outros. Por isso, defendo uma terceira via de espiritualidade, através da educação, não da meditação nem da oração, mas da consciência humana"

A educação como via de desenvolvimento humano. Educação aqui entendida como o compartilhar e vivenciar experiências; o afeto como via de contato; aprendizado nas redes de pessoas; encontros, conversas, oportunidades de estar junto.

domingo, 28 de junho de 2009

Qual é o foco de tua atenção?


Eu achava que ficar atento era apenas estar presente. Apenas no sentido de ser só uma coisa a fazer: estar no presente. Fazendo essa prática de estar atenta no momento presente, notei que a atenção pode se focar em diversos temas, mesmo no presente. No momento e local presente, a pessoa olhar e dar ênfase em um aspecto, mais que nos outros. Isso, interpretei eu, se relaciona aos padrões de cada um, o modo como a pessoa vê o mundo, literalmente. A lente que usa. Claro que se falarmos com budas e iluminados em geral, dirão que isso então não é atenção plena, aquela que vem da meditação da essência. Ok, estou falando daquela tentativa cotidiana de ficar no agora, enquanto se lava a louça ou se caminha para o trabalho. A atenção pode focar em alguns pontos e aí está um aprendizado... o que sua atenção esta focando revela um tanto sobre cada um. Antes de retirar aquele pensamento de maneira expurgada, preste atenção... aquele pensamento tem algo a ver com o modo como vejo as situações? O que ele revela? Padrões arquetípicos que voltam em diversas situações? Focar a atenção nesse aspecto do momento está fazendo com que eu interprete a situação de determinada maneira? O foco é a lente? Lente é o que amplia, faz maior do que é, distorce ou ajusta, faz enxergar melhor ou não. Vejo que pode ser ambas. A lente que coloca-se ao focar, faz a realidade distorcida conforme a lente, porem, isso ajuda a ver a si mesmo. Por que estou vendo assim? E se eu tirar essa lente, verei diferente? O que chamo de realidade depende do foco da minha atenção?

domingo, 31 de maio de 2009

Bioconstrução


Construir a própria casa, de maneira sustentável, com materiais reciclados e recursos locais é uma prática reconhecida pelo Ministério do Meio Ambiente, que lançou o Manual de Biocontrução. Constam técnicas como adobe, superadobe, cob, taipa de mão, taipa de pilão, solo cimento, fardos de palha, ferrocimento. Apropriado para quem vai construir ou mesmo implementar pequenas reformas e quer dar um toque artístico. Caçambas e materiais de demolição viram recursos a serem utilizados, ao invés de formar lixo e extrair matéria-prima da natureza para produção de bens de consumo.
Fica o convite e a sugestão!

sábado, 9 de maio de 2009

Um viva à vida

Simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma
Que em mim amadurece
(trecho da música Amor - Secos e Molhados)

vassoura com garrafas PET

Uma vez passei pela cidade de Salto, ao lado de Itu, interior de São Paulo. O rio Tietê passa por essa cidade, logo após cruzar a capital. Foi uma vivência forte, pois haviam metros de espuma acima do rio e metros de lixo nas bordas, a maioria garrafas PET - essas bóiam, deve haver mais lixo abaixo do nível da água. Bom, foi chocante... segue abaixo uma sugestão para o reúso de embalagens de PET, fazendo vassouras. Fiz uma dessas, é bem fácil e rápido. Que tal experimentar?!

sábado, 2 de maio de 2009

Brincando nas nuvens

Hoje me diverti brincando de fazer nuvem de tags. Celebrando a vida numa tarde em casa, saiu essa daqui:

Wordle: Vida!">


Criar uma nuvem de tags é bem simples e divertido aqui.

chakras

cores e formas familiares...

sábado, 18 de abril de 2009

Serendipidade e o dia que bloguei um email


O cientista francês Louis Pasteur dizia: “O acaso só favorece a mente preparada”.

Hoje descobri uma palavra nova: serendipidade!
A serendipidade se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso, mas que na verdade alia perseverança, inteligência e senso de observação.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Serendipidade

Gosto tanto de novidades que muitas vezes escolho o caminho pelas ruas que desconheço. Adoro passar por ruas que nunca passei. Amo aprender. Hoje aprendi uma palavra, dentre outras coisas.

Nem sabia que existia palavra para definir o processo que Serendipidade agrega. Gostei!

Essa palavra encontrei no texto:
http://www.webcompetencias.com/textos/conectivismo.htm

Educação Gaia



É uma rede incrível de pessoas conectadas pelo entusiasmo e ações no sentido de construção de comunidades sustentáveis. Fiz o curso Educação Gaia em 2007 e ontem participei do primeiro dia da turma de 2009. Lindo reencontro, círculo Gaia sempre forte, idéias e concretudes para o Gaia ABC (vamu que vamu galera!). São cinco módulos, onde estudamos o Design de Comunidades Sustentáveis: design social, design ecológico, design econômino, visão de mundo e estágios, onde participa-se, na prática, de iniciativas como ecovilas, ecobairros, eco-comunidades. As inscrições ocorrem uma vez ao ano e 101 pessoas entram. O início desse curso foi na ecovila Findhorn, na Escócia. Ótimo, vivência incrível, emocionante. E, como acontece em vários locais do planeta (Gaia Education), forma uma teia de sustentabilidade com pessoas ligadas por princípios de empatia, respeito, amor.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Redes sociais no Ning

Esta semana fui apresentada ao Ning, site para criar redes.
Fácil, prático inclusive para iniciantes...
Iniciei o Tecendo Micélios, falando de fungos.